O Segredo de Beethoven

Anna tem o tipo físico dentro dos padrões da perfeição, jovem, loura, muito branca, magra, cabelos lisos, olhos claros, sensível, humana ... O perfeito idealizado, mas tem a surdez d’alma. Beethoven já velho, aparência desagradável, depravado, fétido, com ouvidos grandes que capta toda a energia divina, tem a missão de passar à discípula os segredos e ensinamentos que provém de Deus via sua música e perspicácia nas notas musicais. É o encontro d’alma humana.O segredo de Beethoven não é a réplica da verdade. Conta-se que não existiu uma Anna Holtz na vida do grande Ludwig, mas a diretora da película (Agnieszka Holland), através de uma metáfora conseguiu passar à verdadeira sensibilidade feminina da alma humana. O que Ana Holtz faz é procurar seus ideais num mestre e tenta ser o próprio, quis nada menos que se encontrar no grande Beethoven. 

Anna descobre que o mestre não é perfeito, mas um tanto cruel faz galhardia das pessoas e mau, fétido. Enxergar o quanto é feio e tortuoso é o caminho do mestre. Depara com a realidade, mas por outro lado sabe de quanto completo é; sua insistente busca pela perfeição: a afinação com o Divino.

Mas o imperfeito tem sensibilidade e em captar Deus no ponto mais nobre da natureza; no canto dos pássaros, no cheiro da terra, no rio corrente... É aprender a respirar e ele está ali pronto a embalar num colo sagrado. Vive entre o belo e o feio, eis o paradoxo de Anna. Precisa ser esculpido e pronto para dizer, “ouça”! Ana Holtz é o ouvir físico do mestre, mas o mestre mesmo em seu silêncio desesperador consegue palpar o misterioso. Anna, escuta com os ouvidos, mas não escuta com a alma. Seu mestre, escuta com a alma e seus ouvidos e não capta o som humano, fugindo do seu controle. 

Eis o contraponto de Anna e Beethoven. O ápice do filme a 9ª sinfonia Anna é o ouvido do mestre, ali há o equilíbrio perfeito da natureza e os desígnios de Deus numa total harmonia e confiança. Anna, ao banhar o mestre banha a sua alma. Ali Anna está liberta e pronta.