“Nesse momento duas mãos lhe taparam os olhos”
Machado de Assis
Comecei a reler a obra de Assis. Muito tempo já se passou desde que li algum livro pela minha obrigação da época. Machado, pelo seu centenário está na moda e como tudo o que é moda aguça a curiosidade. Então, resolvi satisfazer e presentear-me, relembrei o memorável e tão glorioso escritor a quem devo reverências.
A obra de Machado é quase um canto. Ao entrar nos ouvidos soa com um hino agradável. É a bíblia que ali se encontra num benfazejo da alma. Comovente, inebriante e envolvente e muitas vezes submissa.
A mim restou algumas pesquisas, todas já haviam extirpado tudo de Machado entre o Romantismo e o Realismo. A cômica e triste passagem de Póstumas que traz um homem é o seu oposto e só às vezes é pela mão-morte vem à notoriedade ou o seu reverso, eis o contra-senso disso. Ali se extingue a fragilidade e que a sete palmos nada mais importa nessa vida e é pela busca da notoriedade que o leva a desatenção e o põe da vida para morte.
Vi um louco que se julga são. Leva uma cidade inteira para uma famosa Casa Verde, um labirinto, lá não se sabe o que vai encontrar. Pois o verde aparente é o brando, calmo, tranqüilo e todos seus sinônimos. De repente o que é louco está à solta e Machado numa paranóia irônica, inverte os papéis. Através de um conto rápido, em O Alienista, faz inversões de valores e papéis que muita gente está por aí a proclamar suas virtudes benévolas ou malévolas.
Entre a Mão e a Luva vejo a fragilidade de um único homem íntegro e romântico. Cheio de dor e piedade, o que vou dizer não é meu; “Estevão é o grande herói do livro”. Sua alma é livre e é através de sua fragilidade aparente que mostra a autenticidade. Sofre. Assume o seu sofrimento.
Volto às mulheres de Machado, fortes e resolutas, decididas e belas, dispõem de uma força no caráter invejável. Machado em suas obras traz um perfil masculino, elevando o feminino de um glamour invejável.
A elas: Virgília, D. Evarista, Guiomar, Capitu (rainha da perspicácia que ainda hei de falar num outro artigo), D.Úrsula e Helena a quem dedico este texto, possuem caráter forte, se não tiver força não sobrevivem às tramas de Machado.
Por que dou o título à Helena? Porque em Helena, Machado canta o Andaraí, Cantagalo e o próprio Rio de Janeiro em si e o que foi em suas belezas originais.
Helena não existe, pois não há um ser tão perfeito em vida.
Helena é o projeto do que sonharam por ela.
Helena é o amor nunca realizado e perdido num passado de outro.
Helena é a falta da família.
Helena é pobre.
Helena vive o papel da culpa dos Homens e se deixou falecer por isso.
Mas o grande erro de Helena foi não se perdoar por uma culpa que não era sua, ouso afirmar que Helena não existe.
Nazaré Braga
16/10/2008 às 23:44
Um comentário:
Naza,
Que site bonito, gostoso de ler..
Gosto do muito do Machado e dos seus textos.
Um beijo
Andrea
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