Mas minha raiz grita tão alto e é tão escandalosa que resolvi voltar para o meu grande e pupilo Guimarães Rosa. Não deixo ele sossegado. A única coisa que sei é que preciso de Rosa de novo. Ando precisada das suas verdades. Confusão total. Saí do México e fui beber das águas correntes de Minas Gerais, rs!
Guimarães tem (ele está vivo) um conceito muito forte de Deus como divindade e como aquilo de bom que cada um de nós carrega. Fala do interior do nosso sertão, aquele sertão que ninguém consegue atingir, que muitas vezes precisa de cultivo e que acompanhará a gente até o juízo final. Elenca as nossas alegrias passageiras das horas de descuido e de como a felicidade pode ser momentânea. Ah! ... o restante é de pura labuta cotidiana até faz a gente se perder no azul da imensidão. Também trata o diabo como aquela coisa ruim que a gente tem e descreve o deserto como parte do diabo com seus redemunhos...
Gosto também de observar os personagens de Rosa, vários, Riobaldo é um deles, o grande herói do Grande Sertão. Tinha um amor inexplicável por Diadorim. Descreve o seu olhar como uma neblina que ofusca e embaraça a visão deixando-o zonzo. Riobaldo não entende como aquele companheiro toca o seu coração, que às vezes, parece o feminino pelos seus desejos, mas tantas outras vezes o masculino pelo seus atos. Assim, Riobaldo vive entre a doçura e a apreensão.
Vejo no Grande Sertão a nossa vida, assim também como na A Terceira Margem do Rio, aquela travessia dolorida que temos que fazer ora ou outra. A trajetória da labuta de ser feliz e o mais importante a tentativa de vencer os nossos medos e tentar negociar com ele. O bom e o ruim. A nossa bíblia.
Rapidamente e muito pobre minha síntese, faço esse paralelo entre o sertão e o deserto (meu juízo de valor, Guimarães não falou isso) ponho a minha linha de diferença. "O sertão é que está dentro da gente" é o que poderá ser cultivado é o que tem de melhor. Já o deserto, aquela solidão, é o que fere e arranca, machuca, cava a nossa carne. Digo, que aqui dentro vamos conviver com os dois: com a Paz e o Abismo.
Mas minha promessa para 2015 é que na lida diária cultivar a minha alegria e a tentativa de transmitir a minha felicidade em todos os momentos a todos que amo.
Assim, termino meu 2014 almejando a todos um excelente 2015. Acreditando na busca do enriquecimento do nosso sertão e o não cultivo do meu deserto. O deserto vai existir, mas ele pode ser passageiro se não cultivado.
Nazaré Braga - 27/12/2014 às 11:56 (sábado) eu cá com meus butões!
Assim, termino meu 2014 almejando a todos um excelente 2015. Acreditando na busca do enriquecimento do nosso sertão e o não cultivo do meu deserto. O deserto vai existir, mas ele pode ser passageiro se não cultivado.
Nazaré Braga - 27/12/2014 às 11:56 (sábado) eu cá com meus butões!
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