27 de dezembro de 2014

Eu Cá Com Meus 'Butões'

Escrevo por puro hobby. Parece que escrever liberta os demônios do pensamento da gente. Ontem publiquei dois poemas de Octavio Paz, ele que escreve com a simplicidade do meu pensamento e sabe do que eu estou sentindo, coisa de preguiçoso. Olho para os poemas e digo é isso!

Mas minha raiz grita tão alto e é tão escandalosa que resolvi voltar para o meu grande e pupilo Guimarães Rosa. Não deixo ele sossegado. A única coisa que sei é que preciso de Rosa de novo. Ando precisada das suas verdades. Confusão total. Saí do México e fui beber das águas correntes de Minas Gerais, rs!

Guimarães tem (ele está vivo) um conceito muito forte de Deus como divindade e como aquilo de bom que cada um de nós carrega. Fala do interior do nosso sertão, aquele sertão que ninguém consegue atingir, que muitas vezes precisa de cultivo e que acompanhará a gente até o juízo final. Elenca as nossas alegrias passageiras das horas de descuido e de como a felicidade pode ser momentânea. Ah! ... o restante é de pura labuta cotidiana até faz a gente se perder no azul da imensidão. Também trata o diabo como aquela coisa ruim que a gente tem e descreve o deserto como parte do diabo com seus redemunhos...

Gosto também de observar os personagens de Rosa, vários, Riobaldo é um deles, o grande herói do Grande Sertão. Tinha um amor inexplicável por Diadorim. Descreve o seu olhar como uma neblina que ofusca e embaraça a visão deixando-o zonzo. Riobaldo não entende como aquele companheiro toca o seu coração, que às vezes, parece o feminino pelos seus desejos, mas tantas outras vezes o masculino pelo seus atos. Assim, Riobaldo vive entre a doçura e a apreensão.

Vejo no Grande Sertão a nossa vida, assim também como na A Terceira Margem do Rio, aquela travessia dolorida que temos que fazer ora ou outra. A trajetória da labuta de ser feliz e o mais importante a tentativa de vencer os nossos medos e tentar negociar com ele. O bom e o ruim. A nossa bíblia.

Rapidamente e muito pobre minha síntese, faço esse paralelo entre o sertão e o deserto (meu juízo de valor, Guimarães não falou isso) ponho a minha linha de diferença. "O sertão é que está dentro da gente" é o que poderá ser cultivado é o que tem de melhor. Já o deserto, aquela solidão, é o que fere e arranca, machuca, cava a nossa carne. Digo, que aqui dentro vamos conviver com os dois: com a Paz e o Abismo.

Mas minha promessa para 2015 é que na lida diária cultivar a minha alegria e a tentativa de transmitir a minha felicidade em todos os momentos a todos que amo.

Assim, termino meu 2014 almejando a todos um excelente 2015. Acreditando na busca do enriquecimento do nosso sertão e o não cultivo do meu deserto. O deserto vai existir, mas ele pode ser passageiro se não cultivado.

Nazaré Braga - 27/12/2014 às 11:56 (sábado) eu cá com meus butões!

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