17 de agosto de 2020

O Ensino à Distância em tempos de Pandemia

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico – OCDE lançou em março de 2020 um roteiro estatístico mundial para guiar o público escolar no enfrentamento da Pandemia da Covid-19. Esse roteiro reconhece que são necessárias as medidas de isolamento social, e que, enquanto não houver uma vacina para imunizar a população, pelos efeitos prejudiciais do Coronavírus, os alunos precisam estar seguros e amparados. Dessa forma o documento recomenda o Ensino à Distância – EAD.

Nesse roteiro estatístico, podemos notar, que há países que respondem melhor a essa modalidade de ensino, como por exemplo a Finlândia. Todavia, em países, como a Singapura, por exemplo, o ensino fica à desejar por causa da pobreza e do subdesenvolvimento da região. Nisso consiste em perceber que tais situações são díspares, na primeira há uma aceitação formidável, já na segunda há a falta de investimentos, infraestruturas e melhorias das políticas públicas daquele governo. Isso gera o desestímulo e prejuízo da alfabetização. 

Segundo o Diretor Escolar Arns da Cunha (2020), aqui no Brasil, a falta de apoio está na obsolescência da estrutura tecnológica e ele se posiciona da seguinte maneira: “(...) nem todos os municípios possuem estrutura de tecnologia para oferta de ensino remoto e nem todos os professores têm a formação adequada para dar aulas virtuais. Outra realidade que complica a adesão de alunos às aulas on-line são os softwares utilizados para esse fim, que, em sua grande maioria, são desenvolvidos para funcionar em computadores — ambiente acessado atualmente por apenas 57% da população brasileira, segundo o IBGE. Muitas crianças da geração Z nunca ligaram um computador e 97% dos brasileiros acessam a internet pelo celular”. (Paulo Arns da Cunha, Diretor-Executivo do Colégio Positivo, 2020). Contudo, isso é previsto no documento, há uma variedade social e esse rasgo afeta as estruturas educacionais.  

Contudo, mesmo as escolas menos privilegiadas economicamente, podem ter um ganho se tiver um mínimo de equipamento. Os professores, que conseguem atender a uma plataforma, deixa de ser um mero professor e passa a exercer o papel de mediador. Os alunos, por sua vez, aprendem a monitorar o seu tempo, e aprendem a se organizar. Para mim esse dado é importante e positivo para o Ensino à Distância. Isso é comprovado no item 07 do relatório (2020) “criar plataformas para a colaboração e aprendizagem (tecnologia e recursos educacionais). Isso é bem percebido nas escolas privadas, onde há uma infraestrutura mais bem definida. 

Outro ponto importante, que desmerece o EAD, é a questão das verbas das famílias. Sabemos que no Brasil, nesses tempos de Pandemia, houve uma corrida dos mais marginalizados economicamente, para receber ajuda do Governo Federal de R$ 600,00. No programa Fantástico da TV Globo¹ foi apresentado, que dez componentes da mesma família, residem em um barraco numa comunidade carente do Rio de Janeiro. Entre eles havia alunos dentro da faixa etária de até 15 anos. Nesse caso questiona-se: Em tempos de isolamento social como esses alunos estudam? Não possuíam um notebook, nem local para estudar. Daí vemos as disparidades sociais (...). Esses, são alguns dos entraves do Ensino à Distância, que se dá pela dificuldade de renda e falta de um equipamento doméstico para estudar. 

Afirmo, que essa pandemia foi modificadora e ao mesmo tempo caótica para todos. Todavia, existe um ponto positivo, pois foi o pontapé para revolucionar o Ensino. Sabemos que muitos alunos não estão conseguindo cumprir suas tarefas por “n” problemas já elencados. Cada região tem suas dificuldades, mas também outras apresentam certo sucesso. Nesse período consultei três professoras para trazer o resultado para esse trabalho: Duas delas de escolas particulares e uma de Cambuí, MG de escola pública. Elas informaram que têm se desdobrado e conseguido dar conta do aprendizado, mas informam que o resultado tem sido favorável e isso é muito bom. 

Finalizo, dizendo que o roteiro da OCDE é proveitoso, mesmo com disparidades locais. Ele tece um panorama com dados palpáveis de como está o Ensino à Distância no planeta. Creio que essa é a única saída para a Educação nesse momento. A partir daqui o Ensino à Distância terá um novo olhar para o futuro da Educação. 

Referências: 

CUNHA, P. A. “A Pandemia e os impactos irreversíveis na Educação”. Disponível em: https://revistaeducacao.com.br/2020/04/15/pandemia-educacao-impactos/. Acesso em 11 de agosto de 2020. 

REIMERS, F. “Global Education Innovation Initiative, Harvard Graduate School of Educatión Andreas Schleicher, Directorate of Education and Skills”: Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE)”. Disponível em: <global ed.gse.harvard.edu/files/geii/files/um_roteiro_para_guiar_a_resposta_educacional_a_pandemia_da_covid-19_reimersschleicher_ceipe_30032020_1.pdf>. Acesso em 17 de agosto de 2020.

Um comentário:

Cristina Chicaro disse...

Nazaré, conversando com uma vizinha daqui, ela me disse que, em um surto de varíola, as escolas foram fechadas e (época em que não existiam computadores nem internet) as crianças podiam ter algum acesso a aulas por rádio: a família sintonizava a rádio que o governo deixou disponível para educação à distância. Outra experiência: minha irmã mora em Camanducaia e lá, numa escola rural, as lições são organizadas em forma de apostilas. A criança pega a apostila em uma semana e entrega na outra, recebendo, assim que entrega, um novo calhamaço com as lições da semana.
São diferentes formas que "driblam" a falta de acesso à internet e computadores.
Beijos!