Tenho lido alguns livros do Padre Fábio de Melo: “Quem me Roubou de Mim”, “Quando o Sofrimento Bater a Sua Porta” e “Mulheres de Aço e de Flores”.
A princípio este último não foi tão atraente quanto aos dois primeiros, tratou-se de depoimentos de mulheres com variadas experiências chegando ao cúmulo da cumplicidade íntima sem nunca ter tido a coragem de experimentar. Tortura interna intrínseca e velada ou uma satisfação por se sentir só e ou talvez fossem corajosas senhoras por não ter tido experimentado ousar, num mundo regado de tanta ousadia.
O primeiro texto a comentar fala das velas, num paralelo com a vida. O da cera imponente se amiudando feito gente, chegando ao final do pavio e o fogo teimando em existir se escorando na cera derretida, velas e lágrimas se misturam. A vela que vai apagando era o filme da minha finada mãe, com toda sua crença em vela e a constante luta contra as doenças e os dissabores do dia a dia. – Ah minha alegre mãe!
O autor também faz uma perfeita declamação sobre o ipê amarelo, como porta entre o inverno intrínseco e seco que revive na primavera, renovando as esperanças. Sempre me incomodaram estes ipês com a teimosia pela vida.
Quando eu era pequena tinha uma árvore dessas no quintal lá de casa, ficava sempre sondando e pensava: - Dessa vez não terá flores. Dali ele sorria e no dia seguinte nascia prematuramente, no decorrer da primavera as flores em cachos se desabrochavam. Pra mim era êxtase. Ficava feliz. O Ipê com sua zombaria em cachos se derramavam peço chão. – Eita árvore seca! Eu bradava. Mas o ipê em sua oração se guardava para a próxima florada.
Nazaré Braga – 10/08/2010
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