21 de março de 2015

Um Encontro Meio aos Fatos – Série Literatura

Ela estava parada numa livraria da principal avenida da cidade folheando descompromissadamente um exemplar. De repente, observou um rosto conhecido. Um rosto já marcado tal qual o seu e num mesmo pulsar ela o chamou: - Oi? E ele disse: - Pois não! Ele quis reconhecer sorriu e questionou.
- Por acaso você estudou comigo? Ambos riram e ela fez que sim com a cabeça e ele a convidou para um café no andar superior daquela livraria.
Ambos subiram as escadas de madeira bem no centro daquele imóvel, ora dava a sensação de organizada, ora parecia que não se encontraria um só periódico em meio a tantos outros distribuídos ao longo daquela subida. Ali rolaram conversas e se distraíram com conversas dos intelectuais naquela tarde onde o mundo agigantava com seus problemas absurdos naquela avenida tão rica diante de um momento particular que é a realização de um simples encontro. O segundo do relógio ficou paralisado.
Dias se passaram e o tempo corria à galope. Os problemas do país e do mundo cresciam a cada novo minuto. As notícias das eleições se embolavam meio às críticas do pós-copa mostrando um Brasil desprovido de bons políticos com eleitores cambaleantes para apertarem o gatilho a decidirem o futuro do país através de um novo governante.
Enquanto isso, a taxa Selic alcançava a casa dos 11,25% naquele outubro/2014 e o preço dos alimentos disparava. A população sentia uma inflação mais acirrada de um país muito caro para se viver.
Na África, sacrificava-se meninas que sofriam nas mãos de grupos terroristas que não as devolviam às filhas para os seus próprios pais. Lares inteiros roubados e dilacerados diante de uma louca escola em nome de Deus. Triste testemunho!
Emergia também, uma outra força absurda vinda do Oriente Médio e o noticiário só se falava do medo e da covardia dos atos transmitidos no “on line” para o mundo. Nesse ínterim, Cuba dava as mãos para os Estados Unidos e comemoravam seus anos de “trégua”.
Entretanto, no Brasil da Petrobrás – a empresa que jorra rios de petróleo, escoava o seu ouro negro em mãos erradas e este se perderia diante de uma lavagem tão absurda tal e quais as de seus comparsas. A força do ouro negro se acovardava e escorria por dedos sujos. Em tempo, o índice do Ibovespa ora se equilibrava, ora despencava deixando o dólar tão a deriva encarecendo ainda mais a moeda nacional.
Em meio à "debandagem" mundial a Colômbia chorava o seu Nobel: Gabriel García Márquez. Já no Brasil das literaturas, a tristeza pairava pelos seus imortais e herois: Ariano Suassuna, João Ubaldo Ribeiro e não menos que o sábio e mineiro Rubem Alves.
Assim, o mundo sacudia diante dos momentos literários, econômicos, históricos e em muitas vezes, totalmente hipócrita. E lá no interior da livraria ambos, cientes de tudo isso, viviam um mundo absorto e totalmente particular não esquecendo às tragédias e das sábias imortalidades e sofriam com tudo isso.
Então, totalmente cientes que o momento era bom e saudável pelo encontro estavam dispostos a selar no seu histórico o novo e a descoberta de um irreconhecido encontro e uma bela amizade.

Nazaré Braga
20/02/2015

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